Pensata, Por Rodrigo De Almeida

05 May 2019 10:44
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<h1>My Research Helper</h1>

<p>Se pretendesse ser original, esse texto deveria N&Atilde;O come&ccedil;ar por isso: h&aacute; um pouco mais de 30 anos, Ana Cristina C&eacute;sar morreu; jogou-se da janela do apartamento dos pais, aos 31 anos, no Rio de Janeiro (era 29 de outubro). Po&eacute;tica, editado com o esmero e a qualidade tradicionais da Companhia e lan&ccedil;ado na semana passada, tem a curadoria editorial e exibi&ccedil;&atilde;o do poeta e camarada Armando Freitas Filho, posf&aacute;cio da professora Viviane Bosi e um robusto ap&ecirc;ndice. S&atilde;o livros fora de cat&aacute;logo h&aacute; d&eacute;cadas, como A teus p&eacute;s e In&eacute;ditos e dispersos, originalmente publicados pela Brasiliense. Nada de que pade&ccedil;a a estreia estruturado por Armando Freitas Filho.</p>

<p>Seja nos textos delimitados pelo ponto fim da poeta, seja nos inacabados (que Freitas Filho batizou de “visita &agrave; oficina”), Po&eacute;tica tem o m&eacute;rito de agrupar num volume &uacute;nico, de maneira in&eacute;dita, a obra em poesia de Ana Cristina. Freitas Filho era o melhor amigo de Ana Cristina: naquele vinte e nove de outubro, ambos se falaram em torno de 12h30. Pouco depois das 13 horas, a m&atilde;e dela telefonou desesperada, contando que a filha se jogara da janela.</p>

<p> REDA&Ccedil;&Atilde;O DO ENEM: PADR&Otilde;ES E RECLAMA&Ccedil;&Otilde;ES dias mais tarde, levaria ao apartamento de Freitas Filho quatro caixas de papel&atilde;o repletos de escritos. Ana Cristina deixara para ele a responsabilidade de cuidar postumamente de tuas publica&ccedil;&otilde;es. Po&eacute;tica abre com Cenas de abril, de Jo&atilde;o P. M. Lima/2018/Setembro . No livro de estreia, ela ensaia muito do que viria depois: pudor e provoca&ccedil;&atilde;o, &iacute;ntimo e universal, masculino e feminino. Estou elegante que &eacute; um desperd&iacute;cio. Hoje beijo os pacientes pela entrada e na sa&iacute;da com desvelo t&eacute;cnico.</p>

<p>Freud e eu brigamos muito. O livro prossegue com Correspond&ecirc;ncia completa, do mesmo ano, assinado como Ana Cristina C (desse modo mesmo). Um livreto bem humorado composto de uma s&oacute; carta, de J&uacute;lia pra uma pessoa n&atilde;o nomeado, tendo como “ Posso Fazer P&oacute;s-gradua&ccedil;&atilde;o Em Nutri&ccedil;&atilde;o Sendo Constru&iacute;da Em Publicidade? confessos”, tirados da exist&ecirc;ncia real, Mary e Gil. Luvas de pelica (1980) re&uacute;ne poemas escritos na Inglaterra, pra onde ela foi fazer mestrado em tradu&ccedil;&atilde;o liter&aacute;ria na Universidade de Essex.</p>

<h2>A paix&atilde;o, Reinaldo, &eacute; uma fera que hiberna precariamente.</h2>
<p>Ficam evidentes marcas de teu modo: a sensa&ccedil;&atilde;o de perda, melancolia e desnorteio. Eu s&oacute; enjoo quando olho o mar, me falou a comiss&aacute;ria do sea-jet. Estou partindo com suspiro de al&iacute;vio. A paix&atilde;o, Reinaldo, &eacute; uma fera que hiberna precariamente. Esquece a paix&atilde;o, meu bem; nesses campos ingleses, neste lago com patos, atr&aacute;s das altas vidra&ccedil;as de onde leio os metaf&iacute;sicos, meu bem.</p>

<ul>

<li>Conhe&ccedil;a as etapas do procedimento seletivo</li>

<li>M&atilde;o dupla*</li>

<li>EDINGER, Edward F. Ego e Arqu&eacute;tipo, SP, Cultrix, 1989</li>

<li>11- Ensine seus filhos como serem ricos</li>

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</ul>

<p>N&atilde;o precise nada que perturbe este lago nesta ocasi&atilde;o, bem. N&atilde;o pega mais o meu organismo; n&atilde;o pega mais o seu organismo. N&atilde;o escrevo mais. Estou desenhando numa vila que n&atilde;o me pertence. N&atilde;o penso pela partida. Meus garranchos s&atilde;o hoje e se acabaram. Explico mais ainda: discutir n&atilde;o me tira da pauta; irei atravessar a desenhar; pra sair da pauta. Como diz Freitas Filho, em A teus p&eacute;s (1982) Ana Cristina Cesar voltaria assumida &agrave; tua assinatura oficial, eliminaria a abreviatura, tiraria a m&aacute;scara dos &oacute;culos escuros e recuperaria a sua identidade como poeta sem disfarces.</p>

<h2>Di&aacute;logo de surdos, n&atilde;o: amistoso no gelado.</h2>
<p>Aparecem sobretudo textos ultrassint&eacute;ticos, entretanto desdobr&aacute;veis em diversas leituras. “Ana C. concede ao leitor”, escreveu o colega Caio Fernando Abreu, “aquele saboroso entusiasmo meio proibido de espiar a intimidade alheia pelo buraco da fechadura”. Di&aacute;logo de surdos, n&atilde;o: amistoso no frio. As mulheres e as gurias s&atilde;o as primeiras que desistem de afundar navios. Preciso reverter e assistir aqueles 2 quartos vazios. MBA OU P&Oacute;S-GRADUA&Ccedil;&Atilde;O, EIS A QUEST&Atilde;O /p&gt;
</p>
<p>Do espelho em frente. Como se v&ecirc;, Ana Cristina Cesar toca muito as mulheres. Moderna e liberta, fala abertamente de teu organismo e de sua sexualidade, ao mesmo tempo derramando-se em uma delicadeza que, &agrave; primeira vista, poderia conflitar com o feminismo vigente pela data. Embates de um feminino ansioso, como define o poeta e professor Italo Moriconi, ao apresentar Po&eacute;tica.</p>

<p>No cap&iacute;tulo de in&eacute;ditos, “Visita &agrave; oficina”, h&aacute; um objeto mais curto e com toda certeza de menor relev&acirc;ncia do que os neste instante publicados. S&atilde;o tamb&eacute;m poemas inacabados, um deles escrito ainda na adolesc&ecirc;ncia, aos dezesseis anos. Por ele obteve nota dez da professora e o elogio: “Lindo! Em outro exibe uma maturidade incomum pra idade: “Estar em fraude - n&atilde;o consigo mesmo, n&atilde;o consigo mesmo.</p>

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